quinta-feira, 29 de julho de 2010

Pesquisador Desenvolve Café sem Cafeína


O pesquisador Paulo Mazzafera, da Unicamp, criou uma nova variedade com sabor e aparência das versões convencionais, mas sem cafeína. Para conseguir a nova espécie, Mazzafera usou a técnica de induzir uma modificação no DNA de uma planta já existente. Sementes do cafeeiro comercial Catuaí Vermelho tiveram seus códigos genéticos alterados por dois tipos de agentes químicos e foram germinadas para dar origem a nova planta.

O potencial mercantil da descoberta é pequeno no Brasil, mas grande no exterior - no mercado interno, menos de 1% do volume da bebida consumido é descafeinado. “Mas esse tipo de café corresponde a cerca de 10% do total comercializado no mundo. É um mercado muito interessante e deve ser valorizado”, afirma o pesquisador. “Apesar de ainda não estar disponível no comércio, o novo café tem boas perspectivas econômicas”.

Durante os testes realizados, o pesquisador identificou que, ao contrário da planta do café comum, que possui taxa de aproximadamente 95% de autofecundação, a nova espécie possui baixa taxa - fenômeno ocasionado pela abertura precoce das flores da planta. Com isso, existe o risco de a nova espécie ser fecundada por exemplares convencionais da planta, o que, com o tempo, eliminaria o diferencial obtido com a pesquisa. Para evitar que haja a fecundação com plantas que contenham cafeína, é preciso que o novo cafeeiro seja plantado afastado de outras espécies - o que, em última instância, ainda dificulta a produção do novo café em escala comercial.

Também foram analisados os impactos da cafeína no organismo. Quando há consumo moderado, não há impactos negativos, mas existem pessoas mais sensíveis ao efeito estimulante do composto, o que faz do descafeinado a melhor opção. “O grande benefício do novo café é que ele mantém os nutrientes do tradicional e oferece uma opção aos consumidores mais sensíveis, que podem ter problemas com o sono e até taquicardia nos casos mais graves”, diz Mazzafera.



Consumo em alta

O consumo de café descafeinado pode ser pequeno no Brasil, mas a bebida continua bastante popular no País. Segundo pesquisa da Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic), 97% dos brasileiros com mais de 15 anos são consumidores diários de café comum. Em 2009, segundo a entidade, o consumo no País foi de 18,39 milhões de sacas, e a previsão para este ano é de um crescimento de 5% para todas as variações da bebida.“O crescimento do consumo está vinculado à melhora da qualidade do café produzido, às pesquisas médicas mostrando os benefícios da bebida e à diferenciação nos produtos 'especiais', como capuccinos e descafeinados”, diz Nathan Herszkowicz, diretor da Abic. “Além disso, a expansão das cafeterias também aumentou a disponibilidade do produto”.

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